É aproveitando um ponto fraco na parede abdominal que se formam as hérnias inguinais. Dor nas virilhas é o principal sintoma deste problema de saúde que é quase exclusivo dos homens.
É nos homens que as hérnias inguinais surgem com mais frequência, numa proporção de dez para um em relação às mulheres. E a explicação para esta diferença remonta à própria gestação.
Nos fetos masculinos os testículos formam-se no interior do abdômen, após o que se deslocam ao longo do canal inguinal até o escroto, o saco que os envolve. Pouco depois do nascimento, este canal fecha-se quase por completo, deixando apenas espaço suficiente para o cordão espermático a estrutura que contém os vasos deferentes através dos quais circula o esperma. É uma abertura mínima, assim impedindo que os testículos possam regressar ao abdômen. Por vezes, contudo, o canal inguinal não fecha adequadamente, deixando uma área vulnerável. É nesse ponto fraco que surgem as hérnias.
E acontecem quando o tecido mole, geralmente uma parte do intestino, ou gordura atravessam esse ponto, devido ao aumento da pressão no interior do abdômen, dando origem a uma bolsa saliente no baixo abdômen, junto às virilhas. Do simples desconforto à dor intensa, os sintomas da hérnia inguinal agravam-se quando é exercida maior pressão no abdômen. Pode ser a força exercida para levantar um objeto pesado, o excesso de peso, o simples gesto de se inclinar ou o esforço associado à expulsão das fezes ou à micção. Até um acesso de tosse ou uma crise de espirros podem deixar os músculos abdominais mais vulneráveis.
São dois os tipos de hérnia inguinal.
A congênita, ou indireta e a direta, associada ao desgaste natural dos tecidos e músculos abdominais ao longo da vida adulta. Ambas afetam sobretudo os homens, ainda que também possam ocorrer nas mulheres. A gravidez – devido à pressão exercida sobre o abdômen – é o momento mais crítico para o sexo feminino.
Ser do sexo masculino é, por assim dizer, um fator de risco, mas há outros: ter antecedentes familiares ou pessoais, sofrer de doenças como a fibrocística, ter nascido prematuro e manter uma ocupação profissional que exija longos períodos de pé ou esforço físico intenso. O excesso de peso e a gravidez também têm influência, o mesmo acontecendo com a tosse e a prisão de ventre crônicas.
Antes que estrangule
As hérnias inguinais não são perigosas em si próprias, mas podem complicar-se e pôr mesmo a vida em perigo. A maioria alarga com o passar do tempo, pressionando os tecidos circundantes e estendendo-se para o escroto, aí causando inchaço e dor.
O maior risco acontece quando uma parcela do intestino fica presa no ponto fraco da parede abdominal – é a chamada hérnia encarcerada, fonte de dor intensa, náuseas, vômitos e incapacidade de expulsar as fezes. Quando há bloqueio da passagem de sangue para a porção do intestino que ficou presa fala-se em hérnia estrangulada, condição que pode conduzir à morte dos tecidos. Dor súbita que se agrava em pouco tempo, febre e batimentos cardíacos acelerados são sintomas deste estrangulamento, constituindo uma situação de emergência médica.
É o que acontece no extremo se a hérnia não for reparada. A cirurgia é a solução para aliviar o desconforto e a dor e prevenir complicações, podendo realizar-se pela via mais tradicional – aberta – ou através de laparoscopia, menos invasiva. A decisão é tomada em função das particularidades de cada caso.
De uma forma ou de outra, já muito se evoluiu e a reparação cirúrgica de uma hérnia inguinal já não implica longas hospitalizações, sendo a recuperação mais fácil e mais rápida.